quarta-feira, 27 de outubro de 2010

A Morte de Wladimir Herzog

A Morte de Wladimir Herzog

No dia 25 de outubro de 1975, o jornalista Vladimir Herzog de 38 anos, casado, pai de dois filhos e diretor de jornalismo da TV Cultura de São Paulo, foi encontrado morto, supostamente enforcado, nas dependências do 2ª Exército, em São Paulo. No dia seguinte à morte, o comando do Departamento de Operações de Informações e Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-CODI), órgão de repressão do exército brasileiro, divulgou nota oficial informando que Herzog havia cometido suicídio na cela em que estava preso.
A ridícula tese de suicídio foi sustentada pelos militares que utilizaram fotos visivelmente absurdas para comprovar o suposto suicídio. A tese que foi derrubada pela Justiça iniciando um processo de derrocada da Ditadura Militar no Brasil. Ao contrário do que aconteceu com outros milhares mortos e desaparecidos na ditadura, a morte de Vladimir Herzog serviu como mola propulsora para o fim da Era do Militares, que efetivamente só veio a terminar em 1984.

Vladimir Herzog

Jornalista, professor da USP (Universidade de São Paulo) e teatrólogo, Vlado Herzog nasceu em 1937 na cidade de Osijsk, Iugoslávia. Filho de Zigmund Herzog e Zora Herzog, imigrou com os pais para o Brasil em 1942. A família saiu da Europa fugindo do nazismo. Vlado, como era conhecido, foi criado em São Paulo e se naturalizou brasileiro. Fez Filosofia na USP e tornou-se jornalista do jornal O Estado de S. Paulo em 1959.
Nesta época, Vlado achava que o nome soava exótico nos trópicos e resolveu passar a assinar Vladimir. No início da década de 60, casou-se com Clarice. Com o golpe militar de 1964, o casal resolveu passar uma temporada em Inglaterra e Vladimir conseguiu trabalho na BBC de Londres. Lá, tiveram dois filhos, Ivo e André. Em 1968, a família voltou ao Brasil. Vlado trabalhou um ano em publicidade, depois na editoria de cultura da revista Visão. Em 1975, foi escolhido pelo Secretário de Cultura de SP, José Mindlin, para dirigir o jornalismo da TV Cultura.

A Morte

Na noite do dia 24 de outubro de 1975, o jornalista apresentou-se na sede do DOI-Codi (Destacamento de Operações de Informações/ Centro de Operações de Defesa Interna), em São Paulo, para prestar esclarecimentos sobre suas ligações com o PCB (Partido Comunista Brasileiro). No dia seguinte, foi morto aos 38 anos.
Segundo a versão oficial da época, ele teria se enforcado com o cinto do macacão de presidiário. Porém, de acordo com os testemunhos de Jorge Benigno Jathay Duque Estrada e Rodolfo Konder, jornalistas presos na mesma época no DOI/CODI, Vladimir foi assassinado sob torturas.
Como Herzog era judeu, o Shevra Kadish (comitê funerário judaico) recebeu o corpo e, ao prepará-lo para o funeral, o rabino percebeu que havia marcas de tortura no corpo do jornalista, prova de que o suicídio tinha sido forjado.
Em 1978, a Justiça responsabilizou a União por prisão ilegal, tortura e morte do jornalista. Em 1996, a Comissão Especial dos Desaparecidos Políticos reconheceu que Herzog foi assassinado e decidiu conceder uma indenização para sua família.
A morte de Herzog foi um marco na ditadura militar (1964 - 1985). O triste episódio paralisou as redações de todos os jornais, rádios, televisões e revistas de São Paulo. Os donos dos veículos de comunicação fizeram um acordo com os jornalistas. Todos trabalhariam apenas uma hora, para que os jornais e revistas não deixassem de circular, e as emissoras de rádio e televisão continuassem com suas programações. No dia 31 de outubro de 1975, foi realizado um culto ecumênico em memória de Herzog na Catedral da Sé, do qual participaram 8.000 pessoas, num protesto silencioso contra o regime.
A morte de Vlado gerou uma onda de protestos de toda a imprensa mundial, mobilizando e iniciando um processo internacional em prol dos direitos humanos na América Latina, em especial no Brasil, que impulsionou fortemente o movimento pelo fim da ditadura militar brasileira. Após a morte de Herzog, grupos intelectuais, agindo em jornais e etc., e grupos de atores, no teatro, como também o povo, nas ruas, se empenharam na resistência contra a ditadura do Brasil.

12 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Bom,

    Lembro muito de minha avó falando sobre suas experiências na Ditaduta, pois só quem viveu sabe o quanto ela prejudicou nosso país com seu sistema. Em Relação a morte do Jornalista esse é um ótimo exemplo para os novos formadores de ´opinião` - pois hoje em dia a Comunicação está fácil demais, todo mundo fala o que quer e pensa..naquela época onde o povo tinha um ideal era proibido..hoje a Liberdade é tanta.. que muitos não dão valor..ai temos uma imprensa que só pensa nela..em vender Jornal e ter o tão famoso Exibicionismo. Onde na verdade deveria ser a favor do seu povo. Pois como sempre digo o bom Jornalista não escreve pra si.!

    Leda Rocci

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  3. Vladimir era brasileiro naturalizado, professor e jornalista da TV Cultura – Canal 2 e que na noite de 24 de outubro de 1975 compareceu às dependências do DOI/CODI do II Exército, por solicitação de seus agentes, a fim de prestar esclarecimentos.
    Fizeram-no apresentar-se no dia seguinte, à Rua Tomás Carvalhal, 1.030, na capital paulista. No final da tarde do mesmo dia, o Comando do II Exército fez distribuir nota na qual comunicava a morte de Vladimir Herzog
    A nota afirmava que, solicitada a perícia, pelo técnicos foi constatada a ocorrência de suicídio e que “o cadáver de Vladimir Herzog foi encontrado, junto à janela, em suspensão incompleta e sustido pelo pescoço, através de uma cinta de tecido verde” e que “o traje que vestia o cadáver compunha-se de um macacão verde de tecido igual ao da referida cinta”.
    O fato provocou a maior repercussão em todo o país.


    Mayara Moleiro

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  4. Tivemos uma aula sobre isso essa semana não foi? ...
    Mas então, a ditadura, algo ao mesmo tempo longe e perto. Sim não faz muito tempo, mães, avós passaram por esse período. Porem a naturalidade de hoje é esquecer o ontem e viver o hoje. Sim, podemos afirmar que o sempre estamos em correria não há tempo para "pensar" nesse tipo de assunto, porem há. E muito tempo. Quando queremos sair para curtir, na ditadura. Isso não seria tão facil. O fato da Liberdade de Expressão, dos direitos humanos e o livre arbitrio, não existia também. Gostaria de viver assim. Tenho certeza que não. Apenas para lebrar, o que faz de nós querer impor à uma pessoa se ela pode doar sangue ou não, apenas pela orientação sexual? Ou se pode exercer determinado cargo, devido alguma doença mental? Ditadura, acredito que ainda vivemos nela.

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  5. O Militarismo “reinava” em 75. E de certa forma “ainda reina nas entrelinhas”. Não estamos totalmente livres dessa ditadura. Será que nos tempos atuais podemos expressar livremente nossa opinião? Ou ainda a algo que nos deixe sem ação? Sabemos e temos vontade de falar tudo, mais nem tudo pode ser falado? Alguns de nossos amigos, conhecidos ou avós certamente tem muito que comentar da ditadura. Uma coisa que sempre me recordo ao falar da Ditadura é o que a Professora Evanize sempre comentava sobre o assunto em suas aulas. O Jornalista Vladimir Herzog foi assassinado e torturado. O Exercito tentou camuflar as evidencias divulgando nota oficial informando que Herzog havia cometido suicídio na cela. Anos depois a Comissão Especial dos Desaparecidos Políticos reconheceu que Herzog foi assassinado e decidiu conceder uma indenização para sua família, e a sua morte ficou como um grande marco do fim do Militarismo.

    Rodolfo Reis

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  6. A morte de Herzog foi um marco na ditadura militar. O triste episódio paralisou as redações de todos os jornais, rádios, televisões e revistas de São Paulo. Os donos dos veículos de comunicação fizeram um acordo com os jornalistas. Todos trabalhariam apenas uma hora, para que os jornais e revistas não deixassem de circular, e as emissoras de rádio e televisão continuassem com suas programações.
    Infelizmente, teve de acontecer uma tragédia como esta para fazer acordar as pessoas da situação vigente. Vladimir foi apenas um desses mártires.

    Maria Carolina Domingos Campos

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  7. Tivemos aula mesmo sobre esse assunto com o professor Celso - história contemporânea.
    Já ouvi pessoas falarem que preferiam ter nascido na época da ditadura, não consigo entender o por que. Tantas pessoas mortas, sendo exiladas...
    Herzog é mostrado até os dias de hoje como o exemplo de um ótimo jornalista, sendo assassinado
    .

    dÉBORA g. cARVALHO

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  8. Escuto a minha mae dizer que a epoca da ditadura no Brasil foi muito sangrenta, pois separavam as familias e proibiam varios tipos de arte principalmente a musica e a imprensa escrita.

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  9. O jornalista Herzog foi só mais um nesse acontecimento, houve muitos outros mortos, muito mais cruelmente e muitos a sociedade nem souberam quem eram e o que havia acontecido.Talvez Herzog foi um dos que mais criou revolta naquela epoca por que todos conhecia seus pensamentos e ideologias, sem contar o fato de que era jornalista, isso surpreendia mais ainda, pois a impresa além de sofrer muita censura tinha medo daquele regime

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  10. O Herzog foi um dos que mais sofreram na Ditadura, ele gostava de expresar sua opniao e na ditadura eles queriam que falassem o que os militares quissessem ouvir. Hoje os jornalistas tem o poder de falar o que quiser sem sofrer represárias e nao aproveitam.

    Gabriel Menezes

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