segunda-feira, 29 de novembro de 2010

ESTADO NOVO - 1937-1945


Desprovido de coerência e sem nenhum programa político suficientemente claro, em 1934 o tenentismo já tinha deixado de existir e em seu lugar, novas organizações políticas começaram a surgir, influenciadas pelos acontecimentos europeus. A AIB (Ação Integralista Brasileira) utilizava-se do ódio aos comunistas para elevar a tensão emocional de seus partidários. Quando os efeitos da Crise de 29 se faziam sentir com intensidade e as agitações esquerdistas começavam a tomar corpo, os integralistas formaram grupos paramilitares que agiam com violência para dissolver as manifestações esquerdistas. Contrários ao facismo, os comunistas representados através da Terceira Internacional (Komintern), uma reunião de grupos comunistas de todo mundo, reuniram-se em sua representatividade através de LUÍS CARLOS PRESTES que logo passou a dirigente do PCB. Depois de combater os levantes comunistas, decretou estado de sítio prolongando por pelo ano seguinte – pretexto que precisava para conduzir o país à ditadura.
Através do Plano Cohen supostamente comunista de 1937, que visava ao assassinato de personalidades importantes, preparou as condições ideais para o golpe. A “ameaça vermelha” assim denominada tratava-se de uma estratégia bem articulada por Getúlio Vargas que tinha como objetivo a “preparação do golpe” que estava por vir. Autorizado então pelo Congresso, dá-se início ao estado de guerra com adesão de vários representantes, como o apoio do governador de MG, Nordeste entre outros estados. Em 2 de dezembro de 1937, Vargas decretou o fechamento do Congresso e anunciou a nova Constituição. Os partidos são dissolvidos....dá-se início ao Estado Novo.
A Carta Outorgada de 1937 representa um total domínio de poder sem a interferência de ninguém nos planos do governo Vargas. Entra em cena o DIP (Depto de Imprensa e Propaganda) que veio para regulamentar, controlar e supervisionar tudo o que fosse de idéias e programas da época. Fazendo claro uso dos meios de comunicação como instrumento elogioso do regime e disseminador de um sentimento nacionalista. A produção de material didático nas escolas chegou com um forte apelo nacionalista. Nas redações dos jornais, a possibilidade de ser divulgada qualquer matéria contra o governo Vargas, era minimizada de todas as formas e se o DIP considerasse alguma notícia, artigo ou coluna subversivo, o Estado tinha poderes de fechar a empresa de comunicação ou suspender o fornecimento de papel ao jornal. Uma maneira de comprar o silêncio era oferecer um espaço publicitário para propaganda oficial aos veículos que fizessem propagandas positivas do Estado Novo, incluindo as rádios. Paralelo a essa repressão ideológica, aumentou-se o papel da Polícia Secreta que se especializou em práticas violentas, reprimindo, com torturas e assassinatos, os indivíduos considerados nocivos à ordem pública.
A preocupação do novo regime, era neutralizar e anular a influência políticas do operariado, fazendo os trabalhadores ligarem-se aos sindicatos. Greves e o lockout foram proibidos por serem “rescursos anti-sociais, nocivos ao trabalho e ao capital, incompatíveis com os superiores interesses nacionais”.
As transformações econômicas foram acontecendo de um modo geral. A tendência à nacionalização da economia intensificou-se com a Crise de 29, pois a política de valorização do café entrou em seu ciclo descendente. A fisionomia econômica começou a se alterar profundamente. Produzindo mais do que o mercado conseguia absorver, foi firmado em 1906 através do Convênio de Taubaté, entre os grandes produtores de MG, SP e RJ um acordo que sustentava a baixa do valor das sacas que estavam paradas no mercado. O estado contraiu empréstimos para salvar um setor da economia beneficiando um grupo, pela importância que esse negócio representava ao país, foi justificada como uma medida para conter a crise do país, e não dos produtores de café. Considera-se, porém o peso político que esses produtores tinham na máquina pública, a chamada política do café-com-leite.

A queda do estado novo

Com o final da 2ª Guerra Mundial (1945) e a derrota das nações fascistas, a sociedade começa a ir contra o regime da ditadura varguista. Com isso tivemos muitos artistas, intelectuais, que queriam de volta a democracia.  Getúlio estava sendo pressionado para renunciar, e essa pressão aumentava a cada dia. No dia 29 de outubro de 1945, depôs do poder Getúlio Vargas.
O governo de Vargas, durante o Estado Novo, teve sucesso na área da economia, o país fez grandes avanços com a modernização industrial e investimentos e infra-estrutura. Os trabalhadores também foram beneficiados com leis trabalhistas, garantindo diversos direitos. Porém, no aspecto político, o Estado Novo significou a falta de democracia, censura e aplicação de um regime de caráter populista.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

A imprensa no período JK


“Cinquenta anos em cinco”. Foi com esse slogan que o governo de Juscelino Kubitscheck assumiu o comando do Brasil no período de 1956 a 1961. E a frase arrojada de propaganda do mandato não ficou somente no papel. Juscelino foi um dos principais governantes do país, por ter acelerado os processos de urbanização, industrialização e ter conquistado grandes avanços para a nação.
Um desses avanços foi na imprensa. Nessa época, foram introduzidas novas técnicas de apresentação gráfica, as coberturas jornalísticas foram inovadas e a linguagem para transmitir a notícia também foi modificada. O jornal fluminense Diário Carioca, por exemplo, implantou nesse período o “lead”, que deixa o leitor informado sobre o assunto da notícia logo no primeiro parágrafo.
Além de novas técnicas, jornais surgiram durante o governo JK. Dentre eles, vale destacar o Correio Braziliense, de Brasília, e o Diário do Grande ABC, de São Paulo. Inclusive, foi também nessa época que foi criado o maior jornal do Vale do Paraíba – o Valeparaibano (atual O Vale).

Brasília – estopim para a oposição dos jornais ao governo

Embora na metade dessa fase tenha surgido a TV e o rádio tivesse grande audiência, a imprensa escrita era muito valorizada no país. A grande influência que ela tem atualmente, era ainda maior nesse tempo.
Alguns tablóides, com grande número de leitores, faziam oposição a Juscelino desde quando assumiu o poder. O Globo, O Estado de S. Paulo e Folha de S. Paulo, por exemplo, foram uns dos que não apoiaram a posse de JK. Críticas sobre a política econômica então adotada eram frequentes nas páginas dos jornais.
Mas essa relação ficou pior quando JK anunciou a construção de Brasília para tirar a sede do governo do Rio de Janeiro. Muitos jornais, inclusive os que não faziam críticas ao governo anteriormente, publicaram artigos contra a atual capital brasileira. Com isso, Juscelino criou um clima desfavorável com a imprensa.

Revistas

A imprensa escrita estava no auge no período JK. Tanto que não somente jornais nasceram nessa época, como também revistas. A revista O Cruzeiro, do Rio de Janeiro, começou publicar grandes reportagens coloridas e cheias de imagens.
Esses veículos, ao contrário dos jornais, não fizerem oposição a JK. Pelo contrário. O Cruzeiro, embora procurasse ocultar esse apoio, ressaltava os feitos da “Era JK”. A revista Manchete foi a principal divulgadora do governo de Juscelino Kubitscheck. Tanto que foi a primeira empresa jornalística a instalar uma sucursal em Brasília.
A relação entre a Manchete e JK era tão forte que, quando Juscelino morreu em 1976, seu corpo foi velado na sede da revista.

Importantes jornalistas

A evolução da imprensa durante esse período contou com a participação de muitos jornalistas. Alguns, entretanto, tiveram papeis mais importantes do que outros. Dentre eles, três se destacaram: Assis Chateaubriand, Samuel Wainer e Carlos Lacerda.
Assis Chateaubriand, mais conhecido como Chatô, foi um dos jornalistas mais importantes e influentes na história não apenas do jornalismo, mas como também do Brasil. Afinal, foi ele quem trouxe a televisão para o país.
No período entre as décadas de 30 e 60, Chatô construiu um verdadeiro império na comunicação. No auge dos seus negócios, era dono de cerca de 100 jornais, muitas emissoras de rádios e TV, revista e agência telegráfica.
Esse poder, entretanto, algumas vezes ultrapassou os limites da ética. O jornalista foi acusado, inúmeras vezes, de fazer chantagem sobre as empresas que se recusam fazer anúncios em seus veículos. Ou seja, quem não colocasse propagandas teria sua imagem prejudicada.
Esse espírito de liderança e inovação de Assis Chateaubriand também fazia parte de Samuel Wainer, jornalista fundador do jornal Última Hora, do Rio de Janeiro. Wainer ficou conhecido por promover uma revolução gráfica na imprensa brasileira. O jornal Última Hora se destacava por ser vibrante, ágil, movimentado e com várias edições por dia.
O jornal Última Hora esteve sempre ao lado do segundo governo de Getúlio Vargas. O apoio a Vargas, entretanto, gerou alguns inimigos para Wainer. Aqueles que não gostavam do então presidente brasileiro, também tentavam desestabilizar o jornalista. Por não ser brasileiro, os opositores tentaram provar que Wainer tinha origem judaica e, por isso, não poderia administrar uma empresa jornalística.
Mas, como tinha amigos também, Wainer conseguiu escapar da punição da justiça por meio de um documento assinado por 45 grandes intelectuais brasileiros que provavam ele ter nascido na rua Glória, no bairro Bom Retiro, em São Paulo.
As confusões de Chatô e Wainer, no entanto, são poucas em comparação com Carlos Lacerda. Jornalista e político, ele foi o fundador do jornal Tribuna da Imprensa. Mas sua história está diretamente ligada a oposição aos governos de Getúlio Vargas e JK.
Contra Juscelino, ele tentou vários golpes para tentar tirá-lo do poder. O primeiro, inclusive, foi antes mesmo de JK ser eleito. Uma notícia falsa foi publicada no jornal de Lacerda, em que acusava o vice de Juscelino, João Goulart, de estar envolvido no tráfico de armas da Argentina para o Brasil.
Após inúmeras tentativas, Carlos Lacerda ficou exilado em Cuba por um curto período e retornou ao Brasil para ser deputado federal.
Juscelino Kubitscheck nunca deixou Lacerda falar na televisão. O motivo foi explicado anos depois apenas. JK afirmou que, se Carlos Lacerda tivesse a oportunidade de falar na televisão, teria derrubado o governo.  

sábado, 30 de outubro de 2010

O Jornalismo no Segundo Reinado e na República Velha


A imprensa no Segundo Reinado

Durante o Segundo Reinado (1840-1889), o Brasil manteve-se como uma sociedade essencialmente rural, com a produção baseada na mão-de-obra escrava e com uma estrutura política conservadora. Ao final do Império, 90% da população viviam na área rural e 85% eram analfabetos. Porém, jornais desenvolviam-se e neles eram publicados críticas ao monarca, que  vinham acompanhadas de caricaturas com o objetivo de deboche e não havia repressões, ao contrário do que ocorreria com as publicações monarquistas, após a Proclamação da República.
O desenvolvimento dos jornais intensificou-se na segunda metade do século XIX e a maioria dos diários fundados no século XIX deixou de circular. Permanecem em circulação os cariocas Jornal do Brasil (Rio de Janeiro) e O Fluminense, entre outros. O Império, que até então se limitara a jornais políticos, voltados para a atividade comercial e de informação geral, ampliou-se com o surgimento dos periódicos ilustrados, como A Semana Ilustrada (1860). As principais lideranças políticas e intelectuais debateram pelos jornais até que, num intervalo de 18 meses, a monarquia escravista desse lugar à república de homens livres. Na década de 1850, o Brasil entra na era das ferrovias e das telecomunicações. Esse sistema facilitou a distribuição dos jornais nas regiões de maior população e mais intensa atividade econômica e rapidez no fluxo de informações destinadas às redações pelas linhas telegráficas.
O telégrafo elétrico foi introduzido no Brasil em 1852 ligando o Palácio Real da Quinta da Boa Vista ao Quartel General do Exérci-to e não era de acesso público. Nos anos seguintes, a rede operada pela Repartição Geral dos Telégraphos foi ampliada com 172 estações entre o Pará e o Rio Grande do Sul e ramificações para cidades do interior de diversos estados. Essa rede nacional foi interligada ao cabo submarino que partia de Londres e chegava a Recife. O custo e as condições de transmissão não favoreciam o envio de mensagens longas, mas permitiram aos jornais das maiores cidades brasileiras receber informações sobre os principais acontecimentos no mesmo dia em que ocorriam. 

A imprensa na tumultuada República Velha

A Primeira República Brasileira ocorreu a partir da Proclamação da República em 15 de novembro 1889 até a Revolução de 1930 quando o último presidente Washington Luis foi deposto. A imprensa neste período sofreu transformações, tendo como consequência atos de violência e repressão, como podemos ver no Decreto 85, 23 de dezembro de 1889 onde está escrito que “os indivíduos que conspirarem contra a república e seu governo: que aconselharem ou promoverem por palavras escritos ou atos a revolta civil ou indisciplina militar... serão julgados por uma comissão militar... e punidos com as penas militares de sedição.”
Com isso aconteceram várias revoltas e problemas sociais nos quatro cantos do Brasil, isto foi à principal marca deste período além de inúmeros casos em que os recursos públicos foram utilizados para corromper jornais e revistas, um dos governantes que se destacou nesta época foi Campos Salles. Mesmo com toda a repressão, a imprensa buscou novos horizontes e desenvolveu novos ramos como o da Imprensa Operária e o da voltada para comunidades imigrantes.
Durante a República Velha a imprensa teve como desafiante o rádio que, inicialmente, limitou-se a programas de entretenimento, só posteriormente passando a veicular publicidade de notícias. Enquanto isso, os principais jornais brasileiros deram um novo salto com a incorporação de máquinas de escrever à redação e à área administrativa.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

A Redemocratização e a Imprensa no Século XXI

– A Redemocratização e a Imprensa no Século XXI

A posse de José Sarney em 1985 pode ser considerada como inicio da democracia, porem, alguns consideram que a eleição de 1989 seja o primeiro marco da democratização da republica. Entre ambos os pontos importantes há a promulgação da Constituição de 1988, que consolidou o princípio da liberdade de imprensa, mas deixou indefinida uma série de outras questões que até hoje, decorridos 20 anos, não estão claras.
Em 1992, as denúncias de corrupção que durante meses vinham sendo veiculadas pela imprensa chegaram ao próprio presidente da República, Fernando Collor de Mello, o primeiro a ser eleito pelo voto direto. Numa tentativa de obter respaldo popular, ele pediu à população que saísse às ruas com as cores nacionais. O efeito foi o contrário e multidões manifestaram-se pacificamente em todo o País, predominantemente de preto, exigindo o seu afastamento. Em 1º de setembro, o pedido de impeachment foi entregue à Câmara dos Deputados e Collor foi afastado interinamente do cargo, submetido a julgamento por crime de responsabilidade pelo Senado Federal, que, em 29 de dezembro, decidiu por seu afastamento definitivo e imediato e perda dos direitos políticos por oito anos.
A concorrência pela preferência do cidadão na escolha de suas fontes de informação intensificou-se com o surgimento de novas mídias, como a TV por assinatura e a internet. Os jornais brasileiros souberam se adaptar a esse novo cenário, buscando maior eficiência técnica e gerencial. Assim, ao mesmo tempo em que se generalizaram as versões digitais, mesmo por iniciativa de jornais de pequeno porte (em muitos casos com edições online), as edições impressas seguiram inovando e novos títulos, principalmente voltados para a leitura rápida, surgiram nas principais cidades. Em consequência, o Brasil é um dos poucos países do mundo em que a circulação de jornais mantém-se em crescimento.

A Morte de Wladimir Herzog

A Morte de Wladimir Herzog

No dia 25 de outubro de 1975, o jornalista Vladimir Herzog de 38 anos, casado, pai de dois filhos e diretor de jornalismo da TV Cultura de São Paulo, foi encontrado morto, supostamente enforcado, nas dependências do 2ª Exército, em São Paulo. No dia seguinte à morte, o comando do Departamento de Operações de Informações e Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-CODI), órgão de repressão do exército brasileiro, divulgou nota oficial informando que Herzog havia cometido suicídio na cela em que estava preso.
A ridícula tese de suicídio foi sustentada pelos militares que utilizaram fotos visivelmente absurdas para comprovar o suposto suicídio. A tese que foi derrubada pela Justiça iniciando um processo de derrocada da Ditadura Militar no Brasil. Ao contrário do que aconteceu com outros milhares mortos e desaparecidos na ditadura, a morte de Vladimir Herzog serviu como mola propulsora para o fim da Era do Militares, que efetivamente só veio a terminar em 1984.

Vladimir Herzog

Jornalista, professor da USP (Universidade de São Paulo) e teatrólogo, Vlado Herzog nasceu em 1937 na cidade de Osijsk, Iugoslávia. Filho de Zigmund Herzog e Zora Herzog, imigrou com os pais para o Brasil em 1942. A família saiu da Europa fugindo do nazismo. Vlado, como era conhecido, foi criado em São Paulo e se naturalizou brasileiro. Fez Filosofia na USP e tornou-se jornalista do jornal O Estado de S. Paulo em 1959.
Nesta época, Vlado achava que o nome soava exótico nos trópicos e resolveu passar a assinar Vladimir. No início da década de 60, casou-se com Clarice. Com o golpe militar de 1964, o casal resolveu passar uma temporada em Inglaterra e Vladimir conseguiu trabalho na BBC de Londres. Lá, tiveram dois filhos, Ivo e André. Em 1968, a família voltou ao Brasil. Vlado trabalhou um ano em publicidade, depois na editoria de cultura da revista Visão. Em 1975, foi escolhido pelo Secretário de Cultura de SP, José Mindlin, para dirigir o jornalismo da TV Cultura.

A Morte

Na noite do dia 24 de outubro de 1975, o jornalista apresentou-se na sede do DOI-Codi (Destacamento de Operações de Informações/ Centro de Operações de Defesa Interna), em São Paulo, para prestar esclarecimentos sobre suas ligações com o PCB (Partido Comunista Brasileiro). No dia seguinte, foi morto aos 38 anos.
Segundo a versão oficial da época, ele teria se enforcado com o cinto do macacão de presidiário. Porém, de acordo com os testemunhos de Jorge Benigno Jathay Duque Estrada e Rodolfo Konder, jornalistas presos na mesma época no DOI/CODI, Vladimir foi assassinado sob torturas.
Como Herzog era judeu, o Shevra Kadish (comitê funerário judaico) recebeu o corpo e, ao prepará-lo para o funeral, o rabino percebeu que havia marcas de tortura no corpo do jornalista, prova de que o suicídio tinha sido forjado.
Em 1978, a Justiça responsabilizou a União por prisão ilegal, tortura e morte do jornalista. Em 1996, a Comissão Especial dos Desaparecidos Políticos reconheceu que Herzog foi assassinado e decidiu conceder uma indenização para sua família.
A morte de Herzog foi um marco na ditadura militar (1964 - 1985). O triste episódio paralisou as redações de todos os jornais, rádios, televisões e revistas de São Paulo. Os donos dos veículos de comunicação fizeram um acordo com os jornalistas. Todos trabalhariam apenas uma hora, para que os jornais e revistas não deixassem de circular, e as emissoras de rádio e televisão continuassem com suas programações. No dia 31 de outubro de 1975, foi realizado um culto ecumênico em memória de Herzog na Catedral da Sé, do qual participaram 8.000 pessoas, num protesto silencioso contra o regime.
A morte de Vlado gerou uma onda de protestos de toda a imprensa mundial, mobilizando e iniciando um processo internacional em prol dos direitos humanos na América Latina, em especial no Brasil, que impulsionou fortemente o movimento pelo fim da ditadura militar brasileira. Após a morte de Herzog, grupos intelectuais, agindo em jornais e etc., e grupos de atores, no teatro, como também o povo, nas ruas, se empenharam na resistência contra a ditadura do Brasil.

Regime Militar


O período do governo militar (de 1964 a 198500 foi marcado por forte repressão à liberdade de imprensa. Nesse período, o governo militar manteve sob censura permanente os principais jornais do país e censurou músicas e peças de teatro devido a uma suposta “ameaça comunista” e alegando questões de “segurança nacional”.

O texto a seguir é um resumo explicativo sobre esse período.

- O Regime Militar

Podemos definir a Ditadura Militar como sendo o período da política brasileira em que os militares governaram o Brasil. Esta época vai de 1964 a 1985. Nesse período, o governo restringiu o exercício da cidadania e reprimiu com violência todos os movimentos de oposição. No que se refere à economia, o governo colocou em prática um projeto desenvolvimentista que produziu resultados bastante contraditórios, tendo em vista que o país ingressou numa fase de industrialização e crescimento econômico acelerados, sem beneficiar, porém, a maioria da população, em particular a classe trabalhadora.

Antecedentes do golpe

Os militares golpistas destituíram do poder o presidente João Goulart, que havia assumido a presidência após a inesperada renúncia de Jânio Quadros, em 1961. Sua posse foi bastante conturbada e só foi aceita pelos militares e pelas elites conservadoras depois da imposição do regime parlamentarista. Essa fórmula política tinha como propósito limitar as regalias presidenciais, subordinando o Poder Executivo ao Legislativo. Goulart, contudo, manobrou politicamente e conseguiu aprovar um plebiscito, cujo resultado restituiu o regime presidencialista.


O presidente, entretanto, continuou a não dispor de uma base de apoio parlamentar que fosse suficiente para aprovar seus projetos de reforma política e econômica, ao mesmo tempo, a situação da economia se deteriorou.
Nessa conjuntura, o governo tentou mobilizar setores das Forças Armadas, como forma de obter apoio político, mas isso colocou em risco a hierarquia entre os comandos militares e serviu como estímulo para o avanço dos militares golpistas.


Em 1964, a sociedade brasileira se juntou. As classes médias, as elites agrárias e os industriais se voltaram contra o governo e abriram caminho para o movimento dos golpistas. Tropas militares, na madrugada do dia 31 de março de 1964, sob o comando do general Olympio Mourão Filho marcharam de Juiz de Fora para o Rio de Janeiro com o objetivo de depor o governo constitucional de João Goulart. O presidente encontrava-se no Rio de Janeiro quando recebeu um manifesto exigindo sua renúncia.
Em seus primeiros quatro anos, o governo militar foi consolidando o regime. O período compreendido entre 1968 e 1975 foi determinante para a nomenclatura histórica conhecida como "anos de chumbo".

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Imprensa no Brasil comemora 200 Anos

No dia 1º de junho, comemora-se no Brasil o Dia da Imprensa. A data foi escolhida para comemorar o dia em que circulou pela primeira vez o Jornal “Correio Brazilienze”, fundado por Hipólito José da Costa. Mas nem sempre foi assim. Durante mais de seis décadas, até 1999, o Dia da Imprensa tinha como referência 10 de setembro, data em que circulara pela primeira vez a “Gazeta do Rio de Janeiro”, um periódico expressava a visão oficial da corte portuguesa. Por conta da existência desse periódico, havia também, na época, uma lei que proibia a circulação de jornais e livros no Brasil para impedir o ingresso de idéias libertárias no país. Em 1997 o jornalista Alberto Dines, no seu programa de TV “Observatório da Imprensa” questionou a legitimidade da data, argumentando que era mais apropriado 1º de junho, dia em que circulou originalmente o “Correio Braziliense”, periódico independente editado em Londres por Hipólito da Costa.

Embora seja o primeiro jornal brasileiro, a “Gazeta do Rio de Janeiro” foi um veículo oficial que publicava notícias sobre a natureza européia, documentos oficiais, as virtudes da família real, enfim, divulgava pontos a favor da família real e suas origens. Para fazer antagonismo com este tipo de notícia, é que foram criados os jornais não oficiais. “O Correio Brasiliense” ou “Armazém literário”, de Hipólito José da Costa, maçônico foragido que redigia o jornal na Inglaterra e exportava por meio de contrabando para o Brasil, tinha mais de 100 páginas. Era vendido, em média, uma vez por mês. Assim nascia a imprensa no Brasil, tardia, já que nas demais colônias o jornalismo já era existente desde o século XVI.

Desde então, imprensa brasileira vem desempenhando importante papel nos processos de mudanças políticas. Da mesma forma, jornalistas também provocaram mudanças significativas no cenário social brasileiro. O jornal “A República”, surgido no Rio de Janeiro, em 1870, ficou famoso pela publicação do manifesto republicano. Em São Paulo, havia o “Correio Paulistano” que agitava a opinião pública sobre a abolição e a República. Nesta época já havia jornais espalhados por todo o país. Em 1907 tem-se o primeiro jornal editado em cores e, finalmente, em 1910 funda-se a Associação Brasileira de Imprensa. São duzentos anos de imprensa no Brasil, e esta imprensa vive uma crise que é comum a todo o mundo.

Agora, passados dois séculos de criação da Imprensa no Brasil, o novo contexto é o do jornalismo digital que surge com internet. Este novo meio de comunicação, prático e ágil, permeia por todas as mídias, seja ela a mídia impressa, televisão ou rádio. É nesse cenário que se abre aqui um espaço para que a História do Jornalismo no Brasil. Sabemos que, para entender a nossa conjuntura atual, é preciso conhecer antes a nossa História. Essa página, criada com material produzido pelos alunos do Curso de Jornalismo da Univap, pretende relembrar os momentos cruciais da História da Imprensa no Brasil para provocar uma reflexão sobre atuação do jornalismo brasileiro e repensar os ideais daqueles que foram os pioneiros.