quinta-feira, 25 de novembro de 2010

A imprensa no período JK


“Cinquenta anos em cinco”. Foi com esse slogan que o governo de Juscelino Kubitscheck assumiu o comando do Brasil no período de 1956 a 1961. E a frase arrojada de propaganda do mandato não ficou somente no papel. Juscelino foi um dos principais governantes do país, por ter acelerado os processos de urbanização, industrialização e ter conquistado grandes avanços para a nação.
Um desses avanços foi na imprensa. Nessa época, foram introduzidas novas técnicas de apresentação gráfica, as coberturas jornalísticas foram inovadas e a linguagem para transmitir a notícia também foi modificada. O jornal fluminense Diário Carioca, por exemplo, implantou nesse período o “lead”, que deixa o leitor informado sobre o assunto da notícia logo no primeiro parágrafo.
Além de novas técnicas, jornais surgiram durante o governo JK. Dentre eles, vale destacar o Correio Braziliense, de Brasília, e o Diário do Grande ABC, de São Paulo. Inclusive, foi também nessa época que foi criado o maior jornal do Vale do Paraíba – o Valeparaibano (atual O Vale).

Brasília – estopim para a oposição dos jornais ao governo

Embora na metade dessa fase tenha surgido a TV e o rádio tivesse grande audiência, a imprensa escrita era muito valorizada no país. A grande influência que ela tem atualmente, era ainda maior nesse tempo.
Alguns tablóides, com grande número de leitores, faziam oposição a Juscelino desde quando assumiu o poder. O Globo, O Estado de S. Paulo e Folha de S. Paulo, por exemplo, foram uns dos que não apoiaram a posse de JK. Críticas sobre a política econômica então adotada eram frequentes nas páginas dos jornais.
Mas essa relação ficou pior quando JK anunciou a construção de Brasília para tirar a sede do governo do Rio de Janeiro. Muitos jornais, inclusive os que não faziam críticas ao governo anteriormente, publicaram artigos contra a atual capital brasileira. Com isso, Juscelino criou um clima desfavorável com a imprensa.

Revistas

A imprensa escrita estava no auge no período JK. Tanto que não somente jornais nasceram nessa época, como também revistas. A revista O Cruzeiro, do Rio de Janeiro, começou publicar grandes reportagens coloridas e cheias de imagens.
Esses veículos, ao contrário dos jornais, não fizerem oposição a JK. Pelo contrário. O Cruzeiro, embora procurasse ocultar esse apoio, ressaltava os feitos da “Era JK”. A revista Manchete foi a principal divulgadora do governo de Juscelino Kubitscheck. Tanto que foi a primeira empresa jornalística a instalar uma sucursal em Brasília.
A relação entre a Manchete e JK era tão forte que, quando Juscelino morreu em 1976, seu corpo foi velado na sede da revista.

Importantes jornalistas

A evolução da imprensa durante esse período contou com a participação de muitos jornalistas. Alguns, entretanto, tiveram papeis mais importantes do que outros. Dentre eles, três se destacaram: Assis Chateaubriand, Samuel Wainer e Carlos Lacerda.
Assis Chateaubriand, mais conhecido como Chatô, foi um dos jornalistas mais importantes e influentes na história não apenas do jornalismo, mas como também do Brasil. Afinal, foi ele quem trouxe a televisão para o país.
No período entre as décadas de 30 e 60, Chatô construiu um verdadeiro império na comunicação. No auge dos seus negócios, era dono de cerca de 100 jornais, muitas emissoras de rádios e TV, revista e agência telegráfica.
Esse poder, entretanto, algumas vezes ultrapassou os limites da ética. O jornalista foi acusado, inúmeras vezes, de fazer chantagem sobre as empresas que se recusam fazer anúncios em seus veículos. Ou seja, quem não colocasse propagandas teria sua imagem prejudicada.
Esse espírito de liderança e inovação de Assis Chateaubriand também fazia parte de Samuel Wainer, jornalista fundador do jornal Última Hora, do Rio de Janeiro. Wainer ficou conhecido por promover uma revolução gráfica na imprensa brasileira. O jornal Última Hora se destacava por ser vibrante, ágil, movimentado e com várias edições por dia.
O jornal Última Hora esteve sempre ao lado do segundo governo de Getúlio Vargas. O apoio a Vargas, entretanto, gerou alguns inimigos para Wainer. Aqueles que não gostavam do então presidente brasileiro, também tentavam desestabilizar o jornalista. Por não ser brasileiro, os opositores tentaram provar que Wainer tinha origem judaica e, por isso, não poderia administrar uma empresa jornalística.
Mas, como tinha amigos também, Wainer conseguiu escapar da punição da justiça por meio de um documento assinado por 45 grandes intelectuais brasileiros que provavam ele ter nascido na rua Glória, no bairro Bom Retiro, em São Paulo.
As confusões de Chatô e Wainer, no entanto, são poucas em comparação com Carlos Lacerda. Jornalista e político, ele foi o fundador do jornal Tribuna da Imprensa. Mas sua história está diretamente ligada a oposição aos governos de Getúlio Vargas e JK.
Contra Juscelino, ele tentou vários golpes para tentar tirá-lo do poder. O primeiro, inclusive, foi antes mesmo de JK ser eleito. Uma notícia falsa foi publicada no jornal de Lacerda, em que acusava o vice de Juscelino, João Goulart, de estar envolvido no tráfico de armas da Argentina para o Brasil.
Após inúmeras tentativas, Carlos Lacerda ficou exilado em Cuba por um curto período e retornou ao Brasil para ser deputado federal.
Juscelino Kubitscheck nunca deixou Lacerda falar na televisão. O motivo foi explicado anos depois apenas. JK afirmou que, se Carlos Lacerda tivesse a oportunidade de falar na televisão, teria derrubado o governo.  

9 comentários:

  1. Os anos JK foram marcados por mudanças significativas na imprensa brasileira, com a introdução de novas técnicas de apresentação gráfica, inovações na cobertura jornalística e renovação da linguagem. Foi nesses anos que o Diário Carioca, jornal do Rio de Janeiro, introduziu o lead e criou em sua redação uma equipe de copidesque que passou a desempenhar papel formador de novos quadros para o jornalismo. Foi nesses anos, também, que se fez a reforma do Jornal do Brasil, tão importante para se entender as transformações subseqüentes nos jornais de todo o país.

    Na segunda metade da década de 1950, a imprensa brasileira começou a abandonar uma de suas tradições: o jornalismo de combate, de crítica, de doutrina e de opinião. Essa forma de jornalismo político convivia com o jornalismo popular, que tinha como característica o grande espaço para o fait divers, para a crônica e para o folhetim. A objetividade da linguagem não era uma preocupação. Gradualmente, passou-se a praticar um jornalismo que privilegiava a informação, que separava o comentário pessoal da transmissão objetiva da notícia. O crescimento dos jornais e revistas passou também a depender mais da publicidade do que dos anúncios classificados. Ainda nesse período predominavam os jornais vespertinos, mas, com a chegada da televisão, sobretudo a partir dos anos 60, eles foram cedendo o lugar aos jornais matutinos.

    Mayara Moleiro

    ResponderExcluir
  2. Acredito que dentre os presidentes que tivemos, JK foi um dos que realizou grandes obras, não é atoa que seu slogan se referia " Cinquenta anos em cinco".
    A época de JK foi muito significativa para o ramo de jornalismo como a Mayara disse acima, visto que as revistas e jornais nasceram no período. E, eles apoiavam muito o presidente.

    A mini série que passou sobre ele na globo mostrou bem a questão da imprensa no seu governo.

    ResponderExcluir
  3. Comentário acima digitado pela aluna DÉBORA GONÇALVES DE CARVALHO

    ResponderExcluir
  4. Com certeza o Brasil desta época precisava de um governo que traria a evolução ao páis. Acredito que tenha sido extremamente importantes todos os avanços relacionados a imprensa, podemos ver o surgimento de grandes jornalistas.
    JK precisava da imprensa para chegar perto de seus eleitores, pois seu plano de governo envouvia a todos, por sua sede de crescimento e a aprovação popular com certeza é o que ele mais prezava!
    Ao longo da história vemos fortemente a ligação entre imprensa e política. O poder que mídia tem sobre a população, as criticas ou apoios que podem ser feitos ao governo, e com JK não foi dirente.
    Imagino os brasileiros recebendo a notícia que JK construiria uma nova capital para o país.Uma grande noticia a ser transmitida, e uma oportunidade para criticar ou apoiar o governo.
    Torço para que cada vez mais a midia possa chegar a mais pessoas e levar informações e assim nos dar parametros para que possar formar nossa opnião.
    A população precisa disso!


    Gabriela Tomé

    ResponderExcluir
  5. É notável o avanço que o Brasil teve durante o governo de JK, não só na estrutura brasileira,como no ideal. As técnicas, que hoje nos são "básicas", foram introduzidas nessa época, como a introdução de novas técnicas de apresentação gráfica, inovações na cobertura jornalística e renovação da linguagem. Também foi apresentado o lead pelo jornal Diário Carioca, uma peça chave para o ansioso leitor de hoje. Outra técnica vinda dessa época foi o fato de o jornal não trazer tanto a opinião, trazendo a notícia de forma imparcial, como eu penso que devemos fazer hoje, dependendo do formato que vamos escolher.


    Maria Carolina Domingos Campos

    ResponderExcluir
  6. Ao ler esse artigo pude compreender o quanto JK ajudou o Brasil e o quanto ele liderou a imprensa que ainda estava muito no inicio naquela epoca. A imprensa hoje luta cada vez mais para a imparcialidade e a lealdade aos fatos.

    ResponderExcluir
  7. Bárbara Stephanie Monteiro
    Jk foi o que deu impuso para o Brasil hoje ser trceiro mundo, graças os seus projetos que o pais alavancou o processo de industrialização, a imprensa também se beneficiou com jk, ele trouxe maquinas entre outros para que se pudessem ter cada vez mais um meio de comunicação avançado, apesar da imprensa sempre ter criticado jk, ela tem que ser grata tbm, pois muito do seu avanço foi graças a esse presidente

    ResponderExcluir
  8. O Brasil estava precisando naquela época de um governo que revolucionasse o país .Os jornalistas foram muito importante para o desenvolvimento do nosso país .Jk tinha a intençao de que com bons jornalistas ele poderia chegar mais perto de seus eleitores. A imprensa e a Politíca correm juntas há muito tempo pois uma precisa da outra

    ResponderExcluir
  9. Que estes foram períodos de grande importância para o jornalismo do Brasil isso não se tem duvidas!!
    Porém muitos políticos se apoderaram da mídia (Tv,radio, jornais etc..) o que não é satisfatório visto que estes tendem a "manipular a informação" com o propósito de se auto promoverem, esconderem erros e abusos etc.. (salvo raríssimas exceções)Deixando assim muitas vezes de cumprir o papél do jornalismo ético e democrático!! Principalmente como quando um mesmo político (assim como Chatô) se torna dono de grande parte dos meios de comunicação de um mesmo país( E tambem como ocorre nos dias de hoje)!
    Houve tambem naquele período crescimento na área do jornalismo por necessidade de maior mão de obra, pois a busca pela liderança politica, se fazia por meio dos veiculos de comunicação, que consequetemente contavam com o trabalho dos jornalistas. Com isto houve mais vagas de empregos na área, o aparecimento de jornalistas melhor preparados e o surgimento de grandes nomes do setor da comunicação nacional.

    ResponderExcluir